domingo, 20 de novembro de 2011

SÓ É ENGANADO MAIS QUE UMA VEZ QUEM QUER... OU É TONTO



 
Por Flávia Buceta Martins


Não faço a mínima ideia em que manuais de economia foram rebuscar os princípios de que temos de ficar miseráveis para que depois possamos enriquecer (crescer). Se assim fosse certamente que os detentores de grandes fortunas optariam por ciclicamente miserabilizarem-se, talvez alienando as fortunas, para depois partirem da estaca zero e voltarem a enriquecer e desfrutarem de fortunas muito maiores que as que detinham anteriormente. Que se saiba não é isso que umas poucas de dezenas de afortunados portugueses fazem. Nem é a prática dos mil e tantos ultramilionários que detêm dois terços do poderio económico e financeiro mundial.

Se bem ouvimos, e de certeza absoluta que escutámos bem, Passos Coelho, provado mentiroso inato, foi isso que disse não há muitos dias. Grosso modo disse que tínhamos de “empobrecer para depois crescermos” (enriquecer). A teoria talvez tenha sido emprestada a Passos Coelho por um dos super economistas que o têm acompanhado nesta devassa de nos miserabilizar para que uns quantos possam enriquecer ainda mais. E esses quantos até podem nem ser todos portugueses. Aliás, não são todos. Os da troika, funcionários ao serviço da alta finança mundial devem concordar com a teoria, até talvez tenham sido eles a venderem a ideia cobrando juros altíssimos – porque eles não fazem nada de borla – e o mentecapto Passos Coelho aderiu e tem vindo a pôr em prática a super lição dos agiotas da troika e dos agiotas e imbecis que a seu lado compõem o desgraçado governo PSD-CDS, apadrinhado pelo esfíngico capanga Cavaco Silva. Um presidente, uma maioria, um governo que nos pisa e repisa, que nos desgraça com a candura de diabos à solta rumo ao descalabro nacional, como é vontade de muitos da laia de Ângela Merkel, uma refinada alemã de leste que procura sobrepor-se à democracia, à solidariedade, à unidade igualitária dos países, povos e líderes que acalentaram o sonho de uma Europa Unida.

Devido a estarmos a seguir a par e passo, diria que passos à frente, a receita dos agiotas da troika, mais de metade dos portugueses já estão na miséria, dentro em pouco outros seguirão o mesmo caminho. Famílias perdem empregos, famílias perdem casas, a fome já é em números enormes, os sem-abrigo crescem nas estatísticas e de facto, as instituições vêm dando os alarmes insistentemente e Passos Coelho assobia para o lado e diz baboseiras como as que lhe ouvimos frequentemente. A indiferença de Cavaco Silva enquanto presidente da República é assombrosa. Ele de vez em quando fala e diz uma ou outra coisa que nos agrade escutar mas aquilo não passa de mera hipocrisia porque o caminho desta maioria, deste governo e deste presidente é aquele que nos levará ao fundo, ao esclavagismo, ao descalabro que foi combatido e derrubado em Abril de 1974 e começado destruído logo no dia seguinte por vilões da espécie de Passos Coelho e Cavaco Silva. Refiro-os pela simples razão de serem os protagonistas mais notórios em todo este processo de nos miserabilizar, explorar e oprimir.

A realidade é bem clara e evidente. Os portugueses não têm que ter dúvidas sobre as intenções da troika nem dos portugueses ao seu serviço e ao serviço da alta finança mundial. Sensato e imprescindível para a nossa sobrevivência enquanto povo e país é tomar as atitudes corretas que transmitam claramente aos obreiros da nossa desgraça que os sacrifícios que nos têm imposto já são demais, que têm um limite, e que é hora de recuarem e escutarem a agonia em que os portugueses sobrevivem. No próximo dia 24 teremos oportunidade de fazer notar que estamos fartos de miséria e deste enorme défice de justiça e de democracia. Portugal não se libertou do salazarismo para agora voltar a ter de se submeter a regime idêntico com a capa cínica de democracia. Todos sabemos que a resposta a dar é um rotundo não à atual situação, aderindo conscientemente à greve geral que dentro de quatro dias poderá dar o sinal inequívoco de que os portugueses não estão mais dispostos a ceder nem a acreditar em mentiras de Passos Coelho, dos do seu bando, nem em Cavaco Silva. Queremos democracia, queremos justiça, queremos liberdade. Não queremos o esclavagismo que nos está a ser imposto.

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