domingo, 26 de agosto de 2012

SÃO AS ATUAIS ELITES AS MAÇÃS PODRES DE PORTUGAL





 
Aires Melon Pereira
 
No passado dia 15 deste mês de Agosto quem lesse o jornal Público deparava com um título que podemos considerar deslumbrante sobre o que aconteceu em 2004 meses depois da “novela” dos submarinos” entrar em “linha de produção”. O CDS depositou a “prestações” em poucas horas “1,06 milhões de euros em notas depositados por funcionários na conta do CDS no final de 2004” como diz o jornal Público.
 
A abertura da notícia ainda esclarece: “Foi literalmente aos molhos que os funcionários da sede nacional do CDS-PP levaram nos últimos dias de Dezembro de 2004 para o balcão do BES, na Rua do Comércio, em Lisboa, um total de 1.060.250 euros, para depositar na conta do partido. Em apenas quatro dias foram feitos 105 depósitos, todos em notas, de montantes sempre inferiores a 12.500 euros, quantia a partir da qual era obrigatória a comunicação às autoridades de combate à corrupção.”
 
Alegadamente o CDS afirmou que aquele mais de um milhão de euros estava nos seus cofres, na sede do partido, havia imenso tempo porque era o acumular de donativos… Não deixa de ser estranho. Como estranho é o ano de 2004, em Abril, ter acontecido o culminar do negócio dos submarinos com a German Submarine Consortium por Paulo Portas, alvo de investigações por corrupção em Portugal e na Alemanha. Na Alemanha as investigações concluíram haver corrupção, irregularidades de índole criminal, e os dois gestores alemães admitiram a actuação criminosa, como avança o jornal Público, salientando que “entregaram ao cônsul honorário de Portugal em Munique o montante de 1,6 milhões de euros. Este, por sua vez, disse perante a justiça alemã que manteve encontros com o ministro Paulo Portas e o primeiro-ministro Durão Barroso, para a concretização do negócio”. Espantoso. A pseudo Justiça em Portugal não chega a conclusões, não prova nada a não ser que em casos que envolvem figuras de peso (portugueses de primeira) dificilmente chega a conclusões de cometimento de crime. Inclusivamente o Procurador-Geral da República veio dizer que “não há dinheiro para prosseguir as investigações do negócio dos submarinos”… Evidentemente que se fosse algum Sem Abrigo que furtasse uma lata de conservas de sardinhas em qualquer supermercado já haveria dinheiro para a investigação, para o processo, para o enclausurar numa cela – passemos o exagero, por enquanto.
 
Por estas e outras. Porque quando algo aparentemente ilícito envolve políticos ou parceiros de políticos, quando se detetam “mistérios” nesta ou naquela figura quase nunca isso passa de umas quantas parangonas em jornais e tudo acaba em nada. Porque será?
 
Podemos pensar que afinal são os jornais que puxam ao sensacionalismo e que os políticos e seus pares são pessoas honestas e impolutas? Não, só em raros casos. Isto porque depois, passados uns anos (às vezes nem isso) vimos políticos possuidores de fortunas que nem eles imaginavam conseguir amealhar como “pé-de meia”.
 
Por essas e por outras os portugueses já nem acreditam no setor da Justiça, tal como nos políticos. O presente Procurador-Geral da República tem sido um primor no descrédito que sobe em flecha relativamente àquela instituição. Nos tribunais olha-se para os magistrados com repelente desconfiança (em quantos imerecidamente?). Mas não é isso que os portugueses querem. O que os portugueses querem é acreditar na Justiça acima de todas as coisas. Sem Justiça não existe democracia. Não é por acaso que Portugal é cada vez mais um país de injustiças. Cada vez menos democrático. Quem perde é o país e a sociedade portuguesa. Mas isso que importa às elites associadas em prováveis máfias? Nada! Nem se preocupam por serem olhadas com justificadas desconfianças desde que as fortunas lhes sejam asseguradas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Nem importa a essas elites que sejam as “maçãs” podres que estão a apodrecer o país de modo irrecuperável, irremediável. Viva o vil metal!
 

domingo, 12 de agosto de 2012

ZITA SEABRA SERVIDA DE IMAGINAÇÃO FÉRTIL NA CRESPOLÂNDIA



Por Bernardo Belo Cunha

Não faz sentido. Só um Crespo como Mário se empolgaria a trazer-nos televisivamente a lufada de ar condicionado a cheirar a esgoto gerada por Zita Seabra, uma ex-militante do PCP que há muitas décadas aderiu ao inverso daquilo que por muitos anos defendeu, o chamado proletariado, o povo e os seus direitos segundo a cartilha comunista de uma União Soviética cada vez mais decadente. Tão decadente nesse tempo quanto o capitalismo o está na atualidade. Mas Zita, talvez por uma questão de ganha-pão, lá aderiu à direita, que antes chamava revanchista, e entrou de supetão para deputada do PSD. Há muitos que pela tal questão de ganha-pão fazem tudo. Até trocam infernos vermelhos por os de outra cor, alaranjados, por exemplo – cor do PSD.

Não faz sentido. Instrumentos de escuta dentro de aparelhos de ar condicionado? Mas onde é que Zita tinha a cabeça? E Mário, o Crespo? Os equipamentos de ar condicionado fazem barulho, em princípio, logicamente, impossibilitando a escuta através de equipamento para esse fim. Para mais introduzido no seu interior. Para mais porque as ações de espionagem do PCP aconteceram há umas décadas, como afirma, e nesse tempo os aparelhos de ar condicionado produziam um ronronar que muitas vezes até nos incomodavam, muitas vezes até os desligávamos devido ao seu efeito poluidor da sonoridade produzida…

Zita, talvez inspirada no título “O Espião Que Saiu do Frio”, serviu, a quem a quis escutar, uma dose de imaginação fértil – na opinião de muitos. Interessante é aquilo que escreve Ferreira Fernandes, no Diário de Notícias, sobre o gélido acontecimento televisivo de Crespo. Curto, incisivo, irónico, não deixou passar a imaginação fértil de Zita sem recordar que “Aparelhos de escuta usam-se em floreiras, relógios, botões, lamparinas e o agente Olho Vivo até num sapato.” Deliciem-se.

A Zita que saiu do ar condicionado


Zita Seabra, em conversa com Mário Crespo, na SIC, sugeriu que o PCP e a RDA (Alemanha comunista) usavam os aparelhos de ar condicionado da empresa portuguesa FNAC (ligada nos anos 70 e 80 ao PCP) para espiar. E quando Crespo explicita "equipamentos de escuta...", ela confirmou: "Em tudo o que era ministérios, em sítios nevrálgicos." Ela lembrou que era frequente entre comunistas "brincar-se, dizendo em que gabinete estará aquele ar condicionado..." Zita foi dirigente do PCP e aquilo que se sabe da RDA em matéria de espionagem dá crédito mesmo a hipóteses absurdas. Mas ficam-me algumas dúvidas. Zita Seabra saiu do PCP em janeiro de 1989 e só em outubro de 1990 a RDA acabou. Nesse intervalo de ano e meio a já democrata Zita informou o País do perigo que corria? Ao que parece não disse nada porque PS, PSD e CDS, todos com gabinetes potencialmente escutados e nenhum meigo com o PCP, não tiraram partido do escândalo. Então, porque calou, Zita? O que me leva a outra dúvida: microfones em aparelhos de ar condicionado? Aparelhos de escuta usam-se em floreiras, relógios, botões, lamparinas e o agente Olho Vivo até num sapato. Tudo objetos silenciosos. Em ar condicionado? Hmmm, as suspeitas aprofundam-se: uma vez comunista, comunista toda a vida... Será que Zita é uma agente adormecida e, mais forte do que ela, aproveitou a ida ao Crespo para fazer propaganda aos aparelhos comunistas da FNAC, os mais silenciosos do mercado capitalista?