quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A GREVE ESTÁ POR TODO O LADO E A PENÚRIA DE PORTUGAL TAMBÉM



Por Marco Orfeu e Melo

São passadas cerca de duas horas do dia 24, dia de greve geral em Portugal. A greve está na rua e por todo o lado, as principais cidades, como Lisboa e Porto, estão praticamente sem transportes antes da meia-noite. Mesmo os táxis, em Lisboa, parecem ter recolhido às suas garagens. Vá-se lá saber porquê. Visível é que há menos movimento na capital do que é normal. Informam que no Porto a cidade começou a recolher mais cedo a casa e que transportes é coisa que escasseia ou que nem há mesmo. A solução foi ir de boleia ou a pé para aqueles que saíram a horas mais tardias dos empregos. É a greve que está por todo o lado e a penúria de Portugal também.

Apesar de tudo não deixa de ser curioso que em sondagem da Marktest, de há dias, o PSD e Passos Coelho continuam com um alto nível de popularidade. A encomenda foi da TSF e do Diário Económico. Diz o site da TSF que aquilo a que chama o Barómetro Marktest mostra que “os sociais-democratas parecem imunes aos efeitos políticos da austeridade”, para além da sondagem revelar que o “PSD é o único partido em alta na comparação com Outubro, os sociais-democratas recuperam quase 4 pontos percentuais, convencem agora 45,4 por cento dos 804 inquiridos e deixam o PS a 26 pontos de distância.” Os restantes partidos políticos conseguem percentagens tão ínfimas que nem merece referir.

Esta técnica de sondagens é curiosa. Há milhões de pessoas que gostaria de saber, compreender, como têm o arrojo de chegar a estas conclusões relativamente às opiniões de um país de mais de dez milhões de habitantes inquirindo 804 pessoas. Interessante seria saber o que é que isto ao ser divulgado influencia, se é que influencia. Uma coisa é certa: há portugueses, neste e noutros casos, que tomam conhecimento destas sondagens reportam-se ao facto de habitarem num país de aldrabões, de corruptos, de vigaristas e se tiverem necessidade limpam o traseiro com o resultado das sondagens e não pensam mais nisso. Ou será que pensam?

O que se deve perguntar é como será possível tomar por certo o resultado deste denominado Barómetro vendo no quotidiano que uma vasta maioria está contra as medidas do governo. Vendo que uma vasta maioria considera os governantes mais mentirosos que os do governo de José Sócrates, que uma vasta maioria diz que só votaram em Passos Coelho porque acreditaram naquilo que disse em campanha eleitoral mas que afinal ele está a governar ao contrário daquilo que prometeu e que não há memória de tamanho aldrabão a ocupar o cargo de primeiro ministro. Assim sendo onde estão os inquiridos que podiam fazer descer o barómetro a Passos Coelho, não tendo de fazer subir obrigatoriamente os resultados dos outros partidos ou mesmo do PS? Ou é obrigatório escolher um? Qual é a técnica para chegar a estes valores? Cheira a manipulação, independentemente de alegarem que são métodos científicos. É que os portugueses estão a ficar na penúria e reportam as responsabilidades ao anterior governo, do PS, mas também consideram que este governo de Passos Coelho é terrível, para além de se saberem ludibriados por um mentiroso de alto calibre. E mesmo assim a popularidade do primeiro-ministro está em alta? Estranho.

Segundo este Barómetro Cavaco Silva volta a subir na popularidade. Outro milagre Marktest mas que podia ser de outra marca de sondagem qualquer… Assim como assim… Cavaco, a quem já chamam o Rolhas – porque parece que engole as ditas e pouco fala ou quando fala de nada adianta. Mas também subiu. Ele há coisas…

Contrariando a sondagem, o tal Barómetro, parece que a adesão à greve de hoje está para valer. Deve ser graças ao alto nível de popularidade de Passos Coelho, do PSD e de Cavaco Silva. Estranho.

MINISTRO À DEFESA E A FAZER VALER A FALTA DE MEMÓRIA

A fazer crédito em declarações do ministro da defesa, Aguiar Branco “Não se pode mudar na rua o que os portugueses decidiram nas urnas”. Referia-se o tal ministro à greve geral escassas horas antes do seu início.

Não importa para aqui o que ele mais pronunciou. Atentemos num facto: Aguiar Branco quis fazer valer os resultados eleitorais para legitimar as medidas drásticas e desumanas que estão a pôr Portugal e os portugueses na penúria. Votaram, temos uma maioria, podemos fazer aquilo que acharmos por bem (bem, para a sua corja) e de nada servem greves e manifestações, deve ser o que pensa.

A falta de memória de Aguiar Branco, e de todos que compõem o governo de Passos Coelho, é que conseguiram uma maioria de votos porque mentiram durante a pré-campanha e a campanha eleitoral. É liquido que compõem o maior bando de mentirosos, aliás, é como são conhecidos e referidos pelos portugueses. Há a acrescentar que Aguiar Branco e os seus associados do governo PSD-CDS também estão com falta de memória acerca da maioria que representa a abstenção e os outros partidos políticos – por mais pequenos que sejam. É que nos cerca de 10 milhões de eleitores os votos expressos para o PSD e CDS totalizaram 2.813.729 e as abstenções somaram 4.035.539, mais cerca de 200 mil de votos brancos e nulos. Os restantes partidos políticos no seu conjunto, incluindo o PS, representaram cerca de 3 milhões de votantes. Fácil será de compreender que a maioria do PSD-CDS é uma minoria se for tomado em consideração que há cerca de 7 milhões de portugueses que não contribuíram para a eleição do atual governo e que portanto ele não representa as suas vontades e perspetivas, antes pelo contrário. Relativamente a Cavaco Silva também acontece o mesmo, ainda pior. Tomou posse como presidente da república por uma eleição ínfima em números de votantes seus, salvo erro nem 2 milhões atingiu. É o método, é a democracia que não é democracia alguma mas está a ser a que convém aos interesses instalados, adversos a Portugal e aos portugueses. Acontece neste país como noutros.

Regressando à teoria de Aguiar Branco, afinal é na rua que pode estar a maioria per capita e não nos resultados que o ministro à defesa evocou, quer isso dizer que se pode mudar na rua as tramas que o governo de Passos tem feito valer e nos pôs na penúria, com o agravante de dizerem e nós sabermos que os sacrifícios, a miséria, a fome, o desemprego, ainda vão agravar-se muito mais.

Independentemente das regras impostas nesta pseudo democracia o que é facto é que a maioria dos portugueses, dois terços dos cidadãos com capacidade eleitoral não votaram em PSD-CDS, nem aprovam que passem de pobres a terrivelmente pobres, a miseráveis. Que é para onde Passos está a levar a maioria dos portugueses. Assim sendo a que representatividade de facto recorre Aguiar Branco? Acresce a razão de Passos Coelho ter sido o maior mentiroso que ocupa a cadeira de primeiro-ministro e ter recorrido a uma campanha eleitoral completamente enganosa, criminosa, porque razão não deve o governo ser sensível ao que a maioria requer e manifesta nesse sentido? Mas que democratas são estes enfatuados que nos querem continuar a enganar, depois de tanta mentira, dizendo mais mentiras e fazendo declarações sob parâmetros por eles criados para se valerem e fazerem valer as vontades de minorias.

Se tiver que ser na rua, pois que se mude o que tiver de ser mudado. Que prevaleça a vontade da maioria de facto e não a maioria que sendo minoria governa o país rumo à miséria.

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