sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O LOGRO MORA EM SÃO BENTO



Por Dora Manta Pereira

Passos Coelho foi ao norte do país e ganhou uma queixada ao vivo quando ouviu e viu manifestantes indignados vaiarem-no com fervor e chamarem-lhe gatuno, ladrão e outros mimos do género. Por mais triste que seja ver um primeiro-ministro ser apupado devemos ponderar se merece ou não aquele trato de polé. Contas feitas vimos que merece e que até já tardava haver quem tivesse a tolerância e o baú dos sacrifícios  tão esgotados de capacidade que optou por atirar carga ao mar. Foi o que vimos e ouvimos. Isto é só o começo. Haverá momento, daqui em diante, em que Passos Coelho vai preferir entrar pelas portas dos fundos e de surpresa, quase secretamente, que é para não ter de se sujeitar ao triste espetáculo de ver os portugueses indignados que estão a perder as estribeiras e que não guardam, nem quase nunca guardaram, respeito àquele que prometeu mais que qualquer outro sabendo que estava a mentir, tendo por único objetivo ser suficientemente votado para conseguir uma maioria absoluta. Objetivo que não conseguiu e que levou o seu partido a aliar-se ao CDS de Portas para formar governo. Jamais Passos Coelho merecerá o crédito dos portugueses, jamais os portugueses serão tolerantes para com ele, mesmo que o merecesse. O futuro próximo será de mais vaias e apupos. Este primeiro-ministro e o seu governo abriram a caixa de Pandora da indignação, por tanto mentir e tantos sacrifícios exigir e pôr em prática sem olhar as injustiças que pratica.

Para além da grande queixada que Passos Coelho vai sempre usar, enquanto for o chefe dos algozes da vasta maioria de portugueses injustiçados, não precisamos de ir à bruxa para futurarmos que chegará o momento de nos querermos ver livres desta matilha raivosa a qualquer preço porque a situação das famílias está a ficar insustentável. A instabilidade social já é um facto e está em crescendo. Infelizmente nada indica que a sabedoria dos "super ministros" deste governo saibam como nos aplacar a indignação. É até muito provável que se registem confrontos violentos que de todo seriam evitáveis caso Passos Coelho e os seus ministros soubessem que tudo tem um limite e as carências e paciência do povo também.

Os tiques ditatoriais deste governo, os golpes e contra golpes antidemocráticos a que vimos assistindo, indiciam que piores tempos se aproximam, porque na mente de Passos e do elenco do seu governo prevalece o Quero, Posso e Mando, debalde as tentativas que fazem para parecerem democráticos, tolerantes e humanos. Nada têm de humanos mas sim de verdadeiras máquinas espoliadoras dos contribuintes que menos têm, que quase nada têm, ou já nada têm. Aos que já perderam tudo, e são bastantes, Passos e os hipócritas que o ladeiam dão-lhes o destino da caridadezinha. Prevalece o roubo e a hipocrisia tão ao jeito da direita mais revanchista que se possa imaginar. Também por isso percebemos que Passos Coelho é um gigantesco logro. Afinal o logro mora em São Bento  e consome os portugueses sem cerimonias, sem contemplações. Vaiemos porque merece.

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